Durante a preparação das atividades escoteiras, quase sempre necessitamos uma pequena história para um fogo de conselho, para um culto ecumênico ou para inserir um tema de reflexão numa reunião de sede.
Assim, para te ajudar, colecionamos algumas histórias.
Algumas delas tem o nome de quem as remeteu e o nome do autor, o que não quer dizer que sejam realmente os seus autores, pois não tivemos condições de checar a informacão.
27 ESCREVER NA AREIA
(origem desconhecida)
Dois amigos, Mussa e Nagib, viajavam pelas extensas estradas, que circulam as tristes e sombrias montanhas da Pérsia. Ambos se faziam acompanhar de seus ajudantes, servos e caravaneiros.
Chegaram certa manhã, às margens de um grande rio barrento e impetuoso, em cujo seio, a morte espreitava os mais afoitos e temerários. Era preciso transpor a corrente ameaçadora.
Ao saltar de uma pedra o jovem Mussa foi infeliz, falseando o pé, precipitou-se no torvelinho espumante das águas em revolta.
Teria ali perecido, arrastado para o abismo, se não fosse Nagib. Este, sem um instante de hesitação, atirou-se à correnteza e, lutando furiosamente, conseguiu trazer a salvo o companheiro de jornada.
Que fez Mussa? Chamou, no mesmo instante, os seus mais hábeis servos e ordenou-lhes que gravassem na face mais lisa de uma grande pedra, que perto se erguia, esta legenda admirável: "Viajante! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib salvou heroicamente seu amigo Mussa".
Isto feito, prosseguiram com suas caravanas.
Alguns meses depois, de regresso às terras, novamente se viram forçados a atravessar o mesmo rio, naquele mesmo lugar perigoso e trágico. E, como se sentissem fatigados, resolveram repousar algumas horas à sombra acolhedora da laje, que ostentava bem no alto a honrosa inscrição.
Sentados na areia clara, puseram-se a conversar. Eis que, por um motivo fútil, surge, de repente, grande desavença entre os dois companheiros. Discordaram, discutiram e Nagib, exaltado, num ímpeto de cólera, esbofeteou brutalmente o amigo.
Que fez Mussa?
Que farias tu, em seu lugar? Mussa não revidou a ofensa.
Ergueu-se, e tomando tranqüilo o seu bastão, escreveu na areia clara, ao pé do negro rochedo: "Viajante! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib, por motivo fútil, injuriou gravemente o seu amigo Mussa".
Surpreendido com o estranho proceder, um dos ajudantes de Mussa observou respeitoso: -- Senhor! Da primeira vez, para exaltar a abnegação de Nagib, mandaste gravar na pedra, para sempre, o feito heróico. E agora que ele acaba de ofender-vos tão gravemente, vos limitais a escrever na areia incerta, o ato de covardia! A primeira legenda, ó cheique, ficará para sempre. Todos os que transitarem por este sítio dela terão notícia. Esta outra, porém, riscada no tapete de areia, antes do cair da tarde, terá desaparecido com um traço de espumas entre as ondas buliçosas do mar.
Respondeu Mussa: - É que o benefício que recebi de Nagib, permanecerá para sempre, em meu coração. Mas a injúria... essa negra injúria... escrevo-a na areia, com um voto, para que, se apague e desapareça mais depressa, das areias e de minha lembrança.
Assim é, meu amigo! Aprende a gravar na pedra, os favores que receberes, os benefícios que te fizerem, as palavras de carinho, simpatia e estímulo que ouvires.
Aprende, porém, a escrever na areia, as injúrias, as ingratidões, as perfídias e as ironias que te ferirem, pela estrada agreste da vida.
Aprende a gravar assim, na pedra;
aprende a escrever assim, na areia ...
e serás feliz!.