Durante a preparação das atividades escoteiras, quase sempre necessitamos uma pequena história para um fogo de conselho, para um culto ecumênico ou para inserir um tema de reflexão numa reunião de sede.
Assim, para te ajudar, colecionamos algumas histórias.
Algumas delas tem o nome de quem as remeteu e o nome do autor, o que não quer dizer que sejam realmente os seus autores, pois não tivemos condições de checar a informacão.
14 REI ARTHUR
O jovem Rei Arthur foi surpreendido pelo monarca do reino vizinho enquanto caçava furtivamente em um bosque.
O Rei poderia tê-lo matado no ato, pois o castigo previsto para quem violasse as leis da propriedade era cruel. Contudo, se comoveu ante a juventude e a simpatia de Arthur e lhe ofereceu a liberdade, desde que, no prazo de um ano, trouxesse a resposta a uma pergunta difícil. A pergunta era: O que realmente as mulheres querem?
Semelhante pergunta deixaria perplexo até ao homem mais sábio, e ao jovem Arthur pareceu impossível de respondê-la. Contudo aquilo era melhor do que a morte, de modo que regressou a seu reino e começou a interrogar as pessoas.
Perguntou à princesa, à rainha, às prostitutas, aos monges, aos sábios, ao palhaço da corte, em suma, a todos e ninguém soube dar uma resposta convincente.
Porém, todos o aconselharam a consultar a velha bruxa, porque somente ela saberia a resposta. O preço seria alto, já que a velha bruxa era famosa em todo o reino pelo valor exorbitante que cobrava pelos seus serviços.
Chegou o último dia do ano acertado com o monarca e Arthur não teve mais remédio a não ser recorrer à feiticeira.
Ela aceitou dar-lhe uma resposta satisfatória, mas impôs duas condições:
1) Não aceitaria baixar o preço;
2) Ela queria casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da mesa redonda e o mais íntimo amigo do Rei Arthur!
O jovem Arthur olhou horrorizado para a bruxa: ela era feíssima, tinha um só dente, desprendia um fedor que causava náuseas até a um cachorro e fazia ruídos obscenos. Na verdade, nunca havia topado com uma criatura tão repugnante.
E se acovardou diante da perspectiva de pedir a um amigo de toda a sua vida para assumir essa carga terrível.
Não obstante, ao inteirar-se do pacto proposto pela bruxa, Gawain afirmou que não se tratava de um sacrifício excessivo diante da vida de seu melhor amigo e da preservação da Mesa Redonda.
Anunciadas as bodas, a velha bruxa, com sua sabedoria infernal, disse: o que realmente as mulheres querem é: serem soberanas de suas próprias vidas!
Todos souberam no mesmo instante que a feiticeira havia dito uma grande verdade e que o jovem Rei Arthur estaria salvo.
Assim foi. Ao ouvir a resposta, o monarca vizinho lhe devolveu a liberdade.
Porém, que bodas tristes foram aquelas...
Toda a corte assistiu e ninguém se sentiu mais desgarrado entre o alivio e a angústia que o próprio Arthur. O próprio Gawain se mostrou cortês, gentil e respeitoso.
A velha bruxa, por sua vez, usou de seus piores hábitos: comeu sem usar talheres, emitiu ruídos e um mau cheiro espantoso.
Chegou a noite de núpcias. Quando Gawain, já preparado para ir para a cama, aguardava sua esposa, ela apareceu como a mais linda e charmosa mulher que um homem poderia imaginar!
Gawain ficou estupefato e lhe perguntou o que havia acontecido.
A jovem lhe respondeu com um sorriso doce, que como ele havia sido cortês com ela, a metade do tempo se apresentaria com aspecto horrível e a outra metade com aspecto de uma linda donzela.
Então ela lhe perguntou: qual você preferiria para o dia e qual para a noite?
Que pergunta cruel... Gawain se apressou em fazer cálculos. Poderia ter uma jovem adorável durante o dia para exibir a seus amigos e, à noite, na privacidade de seu quarto, uma bruxa espantosa, ou quem sabe ter de dia uma bruxa, e uma jovem linda nos momentos íntimos de sua vida conjugal.
Vocês que estão lendo este texto o que teriam preferido? O que teriam escolhido?
O nobre Gawain respondeu que a deixaria escolher por si mesma.
Ao ouvir a resposta, ela anunciou que seria uma linda jovem de dia e de noite, porque ele a havia respeitado e permitido ser dona de sua vida.
Moral da história: não importa se a mulher é bonita ou feia, no fundo, sempre é uma bruxa.